segunda-feira, 16 de julho de 2012

Avivamento Missionário - 14.07.12 - 83/100 dias de oração pelo Brasil

Avivar é recuperar, restaurar a vida. Avivamento missionário deveria ser a capacidade de recuperar, de restaurar a missão. Digo deveria, pois a história recente indica que resumimos missão ao trabalho da proclamação de uma mensagem com efeitos sobre uma palavra - a palavra alma - e não sobre uma pessoa - o ser humano e sua vida multidimensional - com repercussões somente em outro tempo e local, o futuro, o céu. 

A lógica do paradigma predominante de avivamento é um individuo "ganhando" mais um indivíduo, que "ganha" mais um indivíduo, que "ganha" outro indivíduo", que "ganha" mais um indíviduo ...

Além disso, a missão que pretendemos avivar, não é a missão dos atos de Jesus. O paradigma que se busca recuperar é o dos atos dos apóstolos. Uma coisa é estudar a vida de Jesus, seu caráter e ensinos e orar e trabalhar para que isso seja restaurado em nós; outra, tomar a vida dos apóstolos para avivá-la em nós. 


A diferença é que, os atos dos apóstolos, conquanto estejam relacionados à missão de Jesus, são uma manifestação inicial e incompleta do que a convivência de Jesus fez nos discípulos. Em Jesus vemos a manifestação completa da missão a ser avivada. Daí os primeiros discípulos terem investido tempo no registro da vida de Jesus e na reflexão teológica sobre ela, registros conhecidos hoje como Novo Testamento.

A questão é que o paradigma "atos dos apóstolos" é mais facilmente adaptável ao mundo em que vivemos do que o paradigma "Jesus". Os atos dos apóstolos evidenciam ação com resultados imediatos em termos de números de decididos e de igrejas. Os atos de Jesus evidenciam trabalho artesanal, de burilamento de vidas, com efeitos mais demorados, porém profundos, extensos e duradouros.

Somos a sociedade da velocidade, do descartável. Nos empenhamos na pressa para obter resultados na proclamação e "descartarmos" pessoas tão logo elas declarem crer. Crendo, basta que os novos declarantes memorizem que a missão deles é levar outros a declararem que crêem. Alcançado esse objetivo, seu único trabalho com o declarante é que ele memorize que deve reproduzir uma única ação: levar outro a declarar o mesmo. 

 Nesse estágio a missão com o novo declarante, novo decidido ou crente novo, terminou e ele já pode ser "descartado", ou seja, ser deixado só, na missão de conquistar novos declarantes. O importante é que o resultado - pessoas declarando que crêem - se multiplique.
Os apóstolos conviveram pelo menos 3 anos com Jesus, aprendendo com seus exemplos e palavras, o sentido do viver, os valores com os quais deveriam estar comprometidos e as ações que deveriam ser desenvolvidas em favor do próximo.

  No avivamento missionário em evidência, investir tempo conhecendo a vida e ensinos de Jesus é desnecessário e até prejudicial ao modelo reprodutivo em série. Evidência disso é que, no processo de identificação de avivamento raramente se inclui o verbo preparar. Preparar é apenas um detalhe que se resume em aprender técnicas que nos ajudem a levar mais e mais pessoas a "declararem" a fé em Jesus.

Investimento pesado, portanto, é feito na mobilização para envolvimento de pessoas e levantamento de recursos e capacitação para a reprodução, visando resultados imediatos. Não há tempo, nem dinheiro a perder com estudo, exceto se for de técnicas de resultados imediatos. 

Investimos em Coentro, não em Carvalho.

Sonho com um avivamento missionário. Ele gira em torno do conhecimento e vivência da vida de Jesus. Se desdobra em pessoas apaixonadas e comprometidas com Jesus, agindo segundo seus dons onde estão inseridas no cotidiano. Sua ação é, primeiramente testemunhal e, como teria dito São Francisco de Assis, se necessário, usando palavras.
Testemunho de vida em primeiro lugar. No testemunho dos 72, ao retornarem do estágio missionário, não foi evidenciada a quantidade de decididos. Diante da manifestação empolgada com o poder do nome de Jesus ("Senhor, até os demônios se submetem a nós, em teu nome".(Lc. 10:17)), eles ouviram de Jesus: "alegrem-se, não porque os espíritos se submetem a vocês, mas porque seusnomes estão escritos nos céus". O fato a ser enfatizado é a alegria de pertencerem e serem norteados por Deus.

 Gosto de movimentos, eles me empolgam e coopero da forma que tenho aprendido e crido. Gosto mais ainda, quando estão a serviço do testemunho e não somente do anúncio da vida de Jesus. Por isso, o avivamento missionário para o qual me convido e te convido-o a orar é o que visa restaurar, recuperar a vida amorosa de Jesus em nós e sua presença iluminadora em indivíduos e estruturas de sustentação da vida.

Abraços do seu pastor, Edvar Gimenes de Oliveira.

http://blogdoedvar.blogspot.com.br

sexta-feira, 6 de julho de 2012

David Malta do Nascimento



Pioneirismo na defesa intransigente da justiça

O despertamento social
Eu fui estudar muito tarde; eu terminei o curso colegial com 20 anos de idade. Depois foram as leituras, o contato com universitários, a polêmica que resultou nessa compreensão de uma teologia aberta ao ser humano.

Esse assunto que diz respeito à beneficência cristã, ação social, justiça social me tocou bastante e naquela época —fim da década de 1940 e início de 1950 — se desenvolvia no Brasil o esquerdismo marxista. E já na faculdade eu fazia parte de um grupo que era de uma tendência socialista não comprometida com o marxismo, na Faculdade de Direito. Lutamos bastante no sentido de tomar posição sobre aspectos da vida social brasileira. 

Você bem sabe que naquela época havia um interesse muito grande do ponto de vista político e os grupos se formavam com bastante conteúdo e se opunham. Então, de um lado estavam os esquerdistas e, do outro, os conservadores. Vou dizer uma coisa — eu não me lembro o ano [provavelmente em 1966, data da primeira candidatura de Lysâneas à Câmara dos Deputados, pelo MDB]. Você sabe que eu fui candidato, ou a deputado estadual, ou a vereador. Formei um par com Lysâneas Maciel e nós fizemos a campanha. Eu tive 5500 votos; ele teve 12 mil pra Câmara Federal. Eu tive 5500 votos, mas não deu pra me eleger vereador, ou deputado estadual, no Rio. Esse lado — vamos dizer — social me falava profundamente, e nós lá na Faculdade tínhamos o nosso grupo. Mas cá fora tínhamos o grupo de líderes batistas e evangélicos que também estava bastante sensibilizado por essa causa. Nesse contexto, surge o Movimento Diretriz Evangélica. O Movimento Diretriz Evangélica foi um ideal, o sonho de alguns líderes batistas, e nós tínhamos uma abertura porque eu sempre fui bastante sensível e voltado para o problema da aproximação das denominações batistas e evangélicas no Brasil. Então, nós – Lauro Bretones, Mario Barreto França, Helcio Lessa, Himaim Lacerda, dentre outros – nos aliamos de alguma forma à Confederação Evangélica do Brasil. Naquela época houve o famoso congresso no Recife que marcou historicamente os evangélicos no Brasil. 


Ação política da igreja
Não quero envolver a igreja diretamente na política como algumas denominações estão fazendo, não acho correto isso. Porque o Estado é separado da Igreja. Mas o melhor é dar formação em cidadania aos membros da igreja para que eles atuem, por exemplo, nos seus locais de trabalho. Se você puser na cabeça de um jovem ideais de justiça, de humanização etc., ele pode pôr essas idéias em prática no seu ambiente de trabalho. Não estou dizendo que em todo culto vai se falar de justiça social, mas a gente pode fazer congresso, conferência. A juventude precisa ser despertada e, às vezes, nós passamos por cima, não consideramos isso. 

Uma coisa que me preocupa muito, muito, muito: A igreja e sua periferia. O que ela faz com a população que está perto? Ela tem alguma promoção? Ela tem alguma forma de chegar e fazer algum evento e convidar os vizinhos e seja algo que interesse aos vizinhos? A igreja, por exemplo, sofre uma limitação porque há certas atividades na área de saúde que precisam obedecer à legislação. A gente devia estudar esse assunto. A igreja que frequento agora foi obrigada a fechar seu ambulatório onde havia médicos atendendo. Preste atenção — teve que fechar esse ambulatório porque a lei não permite que funcione assim. Então, a gente devia estudar como é que a lei estabelece ou influenciar, quem sabe, a própria lei. Mas a igreja não chega às pessoas que estão perto dela. Ela não chega. Ela tem que criar uma forma de se relacionar com essas pessoas, com essas famílias. 

Somente sei que não podemos continuar como estamos. Mas como eu creio que a história é feita de reformas, eu estou esperando. Você imagina que jamais uma coisa possa acontecer, e acontece!